quinta-feira, 14 de junho de 2012




       Eucaristia: mistério de unidade e do amor entre os irmãos

                                                                                                                                            
Por Frei Anderson Alves.OCarm.
  

Nos dias 04 a 06 de junho, aprofundamos o grande mistério de nossa Igreja, que é a Eucaristia, fonte de unidade entre os cristãos. No primeiro dia, tivemos conosco a presença do Frei Jerry Souza (OCarm.) refletindo sobre a Eucaristia que nos forma e faz Igreja. A princípio, vimos a eucaristia como comunhão entre os irmãos a partir da fração do pão, recordando as primeiras comunidades cristãs narradas pelos Atos dos Apóstolos (2,45). Com isso, ressalta-se que somente na comunidade de fé se dá o sentido da eucaristia, causando, deste modo, uma íntima conexão entre a o Pão Divino e os fiéis. Muito além de sacramento, a eucaristia é também vivência desta comunidade de fé.

A Eucaristia torna presente o principal acontecimento da história do novo povo de Israel: a páscoa do Senhor; momento de grande importância, pois nela se dá a passagem da morte para a ressurreição, ensinando-nos que a celebração da páscoa deve nos levar a uma mudança de vida. E isto, a tal ponto que nos faça viver em sincera comunhão entre os irmãos, sendo sacramento de Deus para o mundo atual.

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No dia seguinte, Frei Alex Sandro (OCarm.) partilhou conosco a dimensão de compromisso social da Eucaristia; a Igreja faz Eucaristia. Primeiramente, ele leu a passagem do evangelho, onde Jesus lava os pés dos discípulos (Jo 13,1-15), dando-nos uma primeira impressão do significado do tema proposto. A exemplo de Jesus, a Igreja, Corpo do Ressuscitado, é convidada a dar a vida pelos outros em solidariedade. A natureza da palavra Igreja foi apreendida a partir da noção de comunhão, por isso, caracteriza-se por três notas próprias: 1) A comunidade rememorativa 2) A comunhão significativa (solidariedade) 3) A comunhão escatológica.

Nos pobres, os excluídos de tudo, Cristo se faz presente, antes mesmo de estar na Igreja que é capaz de conferir esta verdade. Nesta perspectiva, a Igreja, Corpo Sacerdotal, oferece seu sacrifício que é idêntico a seu ser comunhão e presença de Cristo.
Recordando o salmo 15 e os versículos 10 a 20 do 1º capítulo do livro de Isaías, compreendemos que a Eucaristia só pode ser celebrada por quem pratica a justiça, tornando-se capaz de dar frutos de justiça. Só podemos celebrá-la, com consciência de nossa indignidade e, no entanto, com esperança, pois ela é uma refeição festiva. “Não há Eucaristia sem lava-pés!”
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No dia 05, Frei Antônio Sílvio partilhou conosco sobre a Eucaristia na vida carmelitana. Na regra do carmo, capítulo 14, diz que o oratório seja construído no meio das celas; com isso, mostra a Eucaristia como fonte primordial de união e fraternidade entre os irmãos. A importância do oratório está na Eucaristia que se deve celebrar todos os dias. O Sacramento pascal é que funda e alimenta a vida fraterna. Vemos isto explicitamente nas primeiras comunidades cristãs (cf. At 20,7; 1Cor 11,18-20.33-34; Mc 6,30) que eram convocadas pela Eucaristia à fração do pão em torno do Senhor. O oratório evidencia Cristo como centro da vida do Carmelo.

Quando a regra orienta a partilha dos bens (RC 12,13), mostra que tal divisão nos conduz diretamente à Eucaristia. E também toma forma vital no cuidado da vida comum e de atenção ao caminho espiritual das pessoas, (animarum salutem) e na correção fraterna vivida na caridade (RC 15). Para a Regra, a oração pessoal e a liturgia, de modo particular a Eucaristia, nos remete à vida que tem suas escolhas e exigências de acordo com nosso propósito: “Viver em obséquio de Jesus Cristo”, forma completa da vida carmelitana - espaço vital onde habitamos em Cristo, Palavra feita carne e doada à vida do mundo.

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