sábado, 19 de maio de 2012


"ZELO ZELATUS SUM PRO DOMINO DEO EXERCITUUM" (1Rs 18,10)

Por Frei Domingos Mendonça,OC.

    Foram três dias (15,16,17 e 18 de maio do ano em curso), no qual meditamos sobre o profeta Elias. Neste aprofundamento, tivemos como assessor, Frei Carlos Mesters. De uma forma clara e precisa nos conduziu para percebermos a grandeza de umas das figuras do Carmelo “profeta Elias”. Segundo Mesters, “o Carmelo é associado a Elias, porque é lá onde ele atuava. Ele é falado nas Constituições, Ratio,e Regra. Enfim, é representado como homem de oração, de intimidade com Deus. É um homem de total dependência a Deus, desde sua dimensão profética, denunciar a injustiça e pregar a justiça de Javé”. É esta dimensão que de uma ou outra forma entrou nas nossas províncias.



   No entanto, Elias lia os fatos da vida  de forma diferente, isto é, não se conformava com as ideologias vigentes, daí que vinha a questão: “o que Deus quer de mim?” vale a pena lembrar que aí estava a dimensão da contemplação, ver os fatos com os olhos de Deus. Elias é o primeiro profeta que não está ligado ao poder do rei, porém depende da experiência de Deus. Antes dele houve muitos. Ele era nordestino da Palestina, com seu lema: “Vivo é o senhor em cuja presença estou”.
   A história de Elias, vale a pena lembrar, nos questiona como podemos descobrir a presença de Deus em nossa vida. E, quando lemos a história, não devemos nos limitar no passado, contudo é necessário que se faça uma leitura no presente.
   Elias é um homem fraco e disponível. Em vários momentos, mostrou esta  sua fraqueza após de matar os falsos profetas de deus Ball, pensando que tudo estava consumado. Daí que vem a perseguição. Na sua angústia, chega mesmo a dizer: “Javé, tira-me a vida!” Aqui vemos a atitude fraca, humanamente dizendo. A outra questão que nos chama atenção na pessoa de Elias, é esta busca constante de Javé, mesmo na sua fragilidade: onde encontrar Deus? Onde se manifesta? Mesmo pensando que Deus poderia se revelar no furacão, no terremoto, no fogo... Javé nem aí se revelou. Daí que se reconheceu fraco perante a Ele.
   Fazendo um paralelo com a história da Ordem, os primeiros carmelitas, saíram do Monte Carmelo à Europa, devido a invasão dos muçulmanos. E a questão que pairava na altura era: “ se nós somos daqui, porque fugimos?” A resposta era: “ saímos da invasão dos muçulmanos como também Elias fugiu.”
   O êxodo que Elias enfrentou não era uma situação meramente passada, porém é permanente. Na história de hoje, como cristãos e carmelitas, também em alguns dos momentos somos apoquentados por desânimo, angústia, fraqueza, contudo é sempre bom voltar ao passado para recomeçar a nossa história.
   Entretanto, é na brisa leve, que ele reconhece Deus. Deus ultrapassa tudo aquilo que agente pensa. Ele não muda. No fundo, Elias pensava: “devo matar todos esses profetas para me defender.” Ad finem, quem lhe defendeu foi o próprio Deus.

  

   Enfim, o que podemos tirar de Elias é, justamente, este homem orante de intimidade com Deus, mesmo nas provações, que as mesmas fazem parte da vida, devemos manter firmes e fies a palavra ou mesmo a vontade de Deus, “permaneça cada um na sua cela, ou perto dela, meditando dia e noite  na lei do Senhor e vigiando em oração, a não ser que se deva dedicar a outros justificados afazeres” (Regra 10). E outros aspectos que podemos cultivar é a simplicidade, humildade e partilha. Dado que foram nestes que a viúva de Sarepta conseguiu partilhar o pouco que tinha; lembrando que tem tudo para todos, e não tudo para ganância.  


"Agora sei que és um homem de Deus e que o Senhor fala pela tua boca!" (1Rs 17,24)

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